Dados do Trabalho

Título

MINERALOGIA DE SOLOS UTILIZADOS COMO PIGMENTOS EM PINTURAS RUPESTRES NO NORTE DE MINAS GERAIS, BRASIL

Resumo

Pinturas e grafismos rupestres produzidos por grupos humanos do passado são registros de grande valor para a compreensão do processo de ocupação do território. Dentre os focos de investigação, está a composição dos pigmentos utilizados, cujo estudo tem o potencial de revelar as interações de tais grupos com as matérias-primas, dentre elas os solos. Esse estudo investigou a composição mineralógica das diferentes cores encontradas nos variados painéis da região dos Currais de Pedra, norte de Minas Gerais. As pinturas na área de estudo variam de figuras zoomóficas a geométricas, com um painel com figuras antropomórficas. Para isso foi utilizada a Microscopia Eletrônica de Transmissão com sensores EDS acoplados. Como as coletas são realizadas em quantidades muito pequenas, outras técnicas como o DRX se tornam inviáveis. Quatro cores principais foram analisadas: branco, amarelo, vermelho e preto. A cor branca apresenta composição variada, sendo em alguns painéis constituída por calcita e gipsita e em outros painéis por calcita fibrosa. Nesse último caso, trata-se do primeiro registro no Brasil da utilização desse material com pigmento, considerando que ele está normalmente relacionado aos processos de degradação das pinturas nos abrigos calcários, e não a sua produção. A cor amarela é composta por goethita, caulinita e calcita; a cor vermelha por hematita, calcita e gipsita e a cor preta não apresentou resultados conclusivos, mas que sugerem composição orgânica, como carvão. Tais composições refletem intima interação com os solos do entorno, considerando que os mesmos apresentam a mesma diversificação de cores encontrada nos paineis e composição mineralógica semelhante. Isso sugere uma interação com os recursos locais, expressando o conhecimento dos grupos humanos do passado da pedodiversidade das áreas por eles habitadas.  

Palavras-chave

Pinturas Rupestres; Microscopia de Transmissão; Pigmentos; Pedodiveridade; Abrigos Calcários

Instituição financiadora

CAPES; FAPEMIG

Agradecimentos

Os autores agradecem à CAPES 88881.145796/2017-01 pelo suporte financeiro.